Ser Terapeuta e o Caminho das Seis Qualidades

O saber é o grande estandarte de nossa cultura. É como um baluarte do status e do poder. Um conjunto de compreensões intelectuais, de injunções cognitivas, onde sensibilidade, emoção e intuição estão normalmente excluídas. Na verdade, em nossa cultura o saber nada tem a ver com sabedoria.

Ser terapeuta resulta de um profundo mergulho do buscador em si próprio. É preciso soltar as amarras do controle, desconstruir experiências passadas para soltar o aprendizado cristalizado e desenvolver uma mente flexível.
O aprendiz-treinando tem que estar ciente de que usa uma persona, (do latim, máscara), uma defesa, e é preciso ousar desconstruir essa defesa; encontrar qualidades que apontem novas atitudes, resultado da desconstrução da persona e do “saber mecânico”. Com ele desabrocha um ser mais autêntico que aprende novos conteúdos de forma simples, pratica o que aprende e, como resultado do processo, sabe atuar e promover a transformação que se faça necessária, seja no consultório com um cliente, seja na própria vida.

No budismo essas qualidades que são chamadas de “perfeições”, recebem o nome de paramitas (do sânscrito “ir até a outra margem”, ou “transcender”). Esse termo é usado para designar ações que tornam a mente mais flexível e a levam para além da dualidade do certo-errado, do concordo-não concordo.
Os paramitas ou as Seis Perfeições são conteúdos semi-adormecidos que devem ser despertados, cultivados e desenvolvidos por todo terapeuta ou aspirante a ele:

Generosidade é a abertura do coração e dá a idéia de maior flexibilidade em relação aos erros dos outros e aos nossos próprios. Sem ela não é possível conviver de forma compassiva com as limitações.

Paciência, poderoso antídoto contra a raiva, não deve ser entendida como resignação. É uma atitude de receptividade que exercita a contenção de impulsos reativos. É quem fornece o lastro necessário à descoberta do que verdadeiramente está por trás de cada experiência.

Disciplina é a mantenedora da conexão com a experiência, impedindo tentativas de fuga da realidade. É quem dá o apoio no combate às resistências, naturais em qualquer processo de aprendizado e mudanças, e ajuda a caminhar em direção ao novo.

Empenho é a qualidade que permite enxergar além das dificuldades, além dos desafios e opressões do presente. O empenho afasta da preguiça e da noção de tempo, seja de escassez ou de sobra dele, e conecta mais diretamente com a meta.

Concentração. Sem ela a mente rebelde dedica-se a distrativos que não se pode agarrar, lembranças que nada têm a ver com os objetivos. A concentração confronta a ansiedade, mestra da descontinuidade. Oferece a possibilidade de que sejam captados sutis sinais enviados pelo inconsciente, como astrolábios da sabedoria inata.

Sabedoria é como uma transqualidade, algo que atravessa todas as outras cinco. A Sabedoria nos transforma em desabrigados, expõe ao desapego e à desproteção de nosso próprio território. Com ela soltamos as amarras e compreendemos com serenidade que não há nenhum porto seguro para onde voltar, porto-saudade de velhos hábitos. A sabedoria abre para a possibilidade segura de seguir em frente, mesmo que seja em direção ao vazio.

É inspirado por esses temas que segue a Formação em Psicoterapia Vibracional, que se apresenta como uma valiosa auxiliar para o desenvolvimento pessoal. Ela instiga para o despertar da consciência e, através de vivências, dinâmicas e atividades estimulantes, leva o treinando ao encontro de si próprio. E é desse mergulho que ressurge o verdadeiro terapeuta adormecido.

Escrito por: Prem Gyandharma – João Carlos Melo